Na reunião da Mesa Diretora que discutia o futuro do deputado Daniel Donizet, a primeira vice-presidente da Câmara Legislativa, Paula Belmonte (Cidadania), expôs publicamente o quarto secretário da Casa, Robério Negreiros (PSD), e partiu para o embate.
Segundo a deputada, Robério teria se posicionado contra a sua participação no processo, já que foi ela quem apresentou o pedido de abertura contra Donizet. O argumento, no entanto, foi rebatido pelo presidente do Legislativo, Wellington Luiz (MDB), que garantiu o direito de voto à única mulher do colegiado.
A postura de Paula evidencia mais um episódio em que a parlamentar parece confundir embate político com protagonismo pessoal. Ao tornar pública sua divergência com Robério, buscou se apresentar como a única voz em defesa da moralidade. Contudo, o processo segue um rito definido: inicia-se na Corregedoria, passa pela Comissão de Ética e, só então, vai a Plenário.
Com um mandato considerado frágil, sem projetos relevantes ou bandeiras consistentes, Paula tem recorrido a ataques e confrontos para tentar se firmar em debates que não domina. Em vez de apresentar propostas estruturadas, aposta no desgaste público dos colegas como forma de ganhar visibilidade.
Longe de fortalecer o debate institucional, seu gesto fragiliza a própria Mesa Diretora, ao insinuar a existência de uma suposta “blindagem” de mandato. Ainda que tivesse garantias do presidente Wellington Luiz sobre seu direito de voto, a distrital preferiu transformar uma questão regimental em palco de autopromoção.
É legítimo defender punições contra Daniel Donizet, mas expor colegas como coniventes soa mais como cálculo político do que zelo democrático. Ao final, a atitude de Paula Belmonte acirra divisões internas, mina a confiança entre os pares e reforça a percepção de que, diante da ausência de um trabalho legislativo robusto, tem preferido transformar embates institucionais em espetáculo político.