Brasília, 2 de setembro de 2025 — Uma declaração da deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania), durante entrevista à TV Globo, gerou forte indignação entre servidoras e ex-servidoras da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). A parlamentar afirmou que teria havido exigência de “teste de sofá” para que mulheres permanecessem em um determinado gabinete da Casa, o que foi interpretado como uma grave acusação de assédio sexual institucional.
Segundo Belmonte, mulheres precisariam se submeter a esse tipo de “teste” para manter seus cargos, insinuando que a prática ocorreria no gabinete de um colega parlamentar. A fala repercutiu especialmente entre as servidoras do gabinete do deputado Daniel Donizet (MDB), mas rapidamente se espalhou, provocando reações em outros setores da CLDF.
“Essa acusação infame e completamente infundada representa uma ofensa direta à nossa integridade profissional e pessoal, denegrindo nossa competência e caráter perante a sociedade e nossas famílias”, declararam as servidoras em nota conjunta.
A revolta entre as funcionárias não se restringiu ao gabinete de Donizet. Servidoras de outros gabinetes relataram sentir-se igualmente atacadas e constrangidas, ressaltando que a fala da deputada põe em dúvida a conduta profissional de todas as mulheres que atuam na Câmara Legislativa.
Algumas relataram ter enfrentado questionamentos de familiares após a veiculação da matéria na imprensa. Uma servidora da comissionada da estrutura administrativa da CLDF afirmou que seu marido a aconselhou a pedir exoneração do cargo devido à repercussão da fala de Paula Belmonte.
“É estarrecedor que uma deputada que se proclama defensora dos direitos das mulheres se permita fazer ataques tão levianos e irresponsáveis contra todas as mulheres que trabalham e trabalharam no gabinete de um colega”, diz outro trecho da nota emitida por servidoras.
A situação se torna ainda mais sensível pelo fato de Paula Belmonte ocupar o cargo de Procuradora Especial da Mulher na CLDF, função institucionalmente dedicada à defesa dos direitos femininos.
Diante da gravidade das declarações, servidoras informaram que já registraram boletim de ocorrência contra a deputada e protocolaram uma representação formal na Câmara Legislativa solicitando a cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar.
“Nossa ação é uma resposta firme contra a difamação e a calúnia que visam macular nossa honra e profissionalismo. Nós, mulheres, reafirmamos que não toleraremos ataques à nossa dignidade e competência profissional por meio de afirmações falsas e desprovidas de qualquer fundamento”, afirmam.
As servidoras também prometem acionar judicialmente a parlamentar, exigindo que Paula Belmonte comprove as acusações feitas publicamente.
“Defendemos nossa reputação e nosso direito a trabalhar em um ambiente livre de difamação e assédio moral. Nossa luta é pela verdade e pela justiça, e não será silenciada por declarações maldosas e irresponsáveis”, concluem.
A assessoria de Paula Belmonte ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso.
