A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) pode estar prestes a reabrir uma ferida política ainda mal cicatrizada no Partido dos Trabalhadores do Distrito Federal
Trata-se do caso envolvendo Wilmar Lacerda, ex-vice-presidente regional da sigla, que foi preso por suspeita de violência sexual contra duas adolescentes de 13 e 17 anos.
A iniciativa de Kokay, que aparenta ter como alvo um parlamentar distrital da Câmara Legislativa do DF (CLDF), pode reacender não apenas um escândalo, mas também uma crise interna dentro de seu próprio partido — que, ao que tudo indica, sequer está ciente da atuação da parlamentar nesse sentido.
O que levanta ainda mais dúvidas é o fato de Erika Kokay estar mirando uma pauta tipicamente distrital — um assunto sob responsabilidade da CLDF —, mas atuando a partir da Câmara dos Deputados, em Brasília. Isso sugere um movimento que beira a interferência de uma casa legislativa sobre a outra, o que pode gerar um impasse institucional sem precedentes no DF.
Mais curioso ainda é a aliança improvável entre Erika Kokay, conhecida por sua atuação progressista, e a deputada distrital bolsonarista Paula Belmonte. Ambas unidas contra um mesmo alvo: o deputado distrital Daniel Donizet, que se encontra em tratamento psicológico e cuja vulnerabilidade pode estar sendo explorada politicamente. A pergunta que fica é: trata-se de uma causa genuinamente moral ou de uma articulação que visa ganhos políticos em ano pré-eleitoral?
Outro ponto que merece atenção é a proximidade de Kokay com a militante Cris Brasil, ligada ao PRD-DF. Em um áudio que circula nas redes sociais, Cris se identifica como “mãe de faccionado do PCC”, uma declaração que levanta sérias preocupações sobre os círculos de influência em torno da deputada. Que tipo de alianças estão sendo firmadas nos bastidores? E com quais objetivos?
Esses elementos, somados, sugerem que a atuação de Erika Kokay não é apenas uma cruzada moral, mas pode também representar um erro estratégico, com impacto direto em seu mandato, no futuro político da CLDF e até na imagem do PT-DF.
No momento em que o país atravessa um cenário polarizado e altamente sensível às pautas de integridade e justiça, o uso político de causas sérias como abuso sexual ou saúde mental pode ser um perigoso precedente. A sociedade merece respostas claras, e as instituições, respeito à sua autonomia.



