Postura de Ibaneis gera tensão e revive fantasmas da eleição de 2006
O Governo do Distrito Federal vive um momento de crescente tensão política. A decisão do governador Ibaneis Rocha (MDB) de exonerar Patrícia Emerenciano, servidora reconhecida pelo bom desempenho e esposa de um dos advogados de José Roberto Arruda, pré-candidato ao Palácio do Buriti, acendeu um alerta entre aliados da Ibaneis. A medida, vista como um gesto de retaliação política, reacendeu velhos fantasmas da história recente da capital — em especial, a derrota de Maria de Lourdes Abadia para o próprio Arruda em 2006.
Nos bastidores, a avaliação é de que Ibaneis tem adotado uma linha cada vez mais autoritária no trato com servidores e aliados. De acordo com fontes do próprio governo, há uma clara orientação para punir qualquer demonstração de simpatia a Arruda. A ordem seria direta: quem não estiver politicamente alinhado ao Palácio do Buriti perde espaço, cargo ou influência. Essa pressão, segundo relatos, atinge tanto comissionados quanto concursados — o que vem gerando desconforto até entre setores tradicionalmente fiéis ao governador.
A ofensiva também se estende à área da comunicação. Ibaneis teriam determinado cortes de contratos e publicidades em veículos considerados próximos a Arruda, numa tentativa de estrangular o campo adversário e forçar realinhamentos. A estratégia, no entanto, é arriscada: pode gerar o efeito oposto ao desejado, alimentando o discurso de perseguição e fortalecendo o ex-governador, que conhece bem o terreno político brasiliense.
A comparação com 2006 é inevitável. Naquele ano, Abadia, então governadora, também tentou isolar Arruda politicamente, cortando apoios e desarticulando bases administrativas. O resultado foi desastroso: Arruda cresceu nas pesquisas, surfando na imagem de vítima do sistema e venceu no primeiro turno. A repetição dos erros de Abadia é hoje o maior temor dentro do grupo de Celina Leão, que tenta se posicionar como herdeira natural de Ibaneis para a disputa de 2026.
Com o desgaste crescente, Ibaneis corre o risco de enfraquecer sua própria base e comprometer o projeto político da vice-governadora. Servidores e lideranças regionais — fundamentais em qualquer eleição majoritária — começam a demonstrar incômodo com o clima de cerco e ameaça.
Analistas lembram que o eleitorado brasiliense tende a reagir mal a gestos autoritários e perseguições políticas. E, como a história mostra, quem tenta sufocar adversários em Brasília pode acabar alimentando a própria oposição.



